Vinhedo em campo de Polo
Conhecido no mundo do vinho como o vencedor da “Degustação de Berlim” em 2004, o tinto chileno “Viñedo Chadwick” guarda uma história familiar centenária.
Por: Euclides Penedo Borges
Conhecido no mundo do vinho como o vencedor da “Degustação de Berlim” em 2004, o tinto chileno “Viñedo Chadwick” guarda uma história familiar centenária. Recente viagem enológica da ABS Rio ao Chile propiciou-nos informações a propósito, dignas de menção. Algumas nos foram passadas pessoalmente por Eduardo Chadwick, atual presidente da Errázuriz, outras faziam parte de documentos, folhetos e fotos disponíveis nas dependências de suas propriedades, no Vale do Aconcágua e no Vale do Maipo.
Sonhos e realizações - Nos séculos 17 e 18 muitas famílias da Inglaterra e da Escócia, paises continuamente envolvidos em conflitos políticos e religiosos, passaram a sonhar com as terras distantes do Novo Mundo, descritas pelo navegadores como promissoras, ricas e com tudo por fazer. Algumas dessas famílias tornaram realidade seus sonhos de paz e realizações, impraticáveis em sua terra, partindo nos chamados “white sails” (veleiros brancos). Uma delas foi a dos Chadwick, nome associado há séculos à história da Grã Bretanha.
Dividindo-se, parte da família seguiu para a América do Norte. A outra, encabeçada por Thomas Chadwick, descendente de Sir John Chadwick de Oxford, estabeleceu-se, em 1820, na costa do Chile, em La Serena. A geração seguinte fez fortuna na mineração. O neto de Thomas, Alejandro, casou-se em 1909 com Leonor Errázuriz dando início à família chilena dos Chadwick-Errázuriz, de ancestrais ingleses e bascos, proprietária da Viña Errázuriz no Vale do Aconcágua.
Uvas Cabernet Sauvignon. |
Conhecido no mundo do vinho como o vencedor da “Degustação de Berlim” em 2004, o tinto chileno “Viñedo Chadwick” guarda uma história familiar centenária. Recente viagem enológica da ABS Rio ao Chile propiciou-nos informações a propósito, dignas de menção. Algumas nos foram passadas pessoalmente por Eduardo Chadwick, atual presidente da Errázuriz, outras faziam parte de documentos, folhetos e fotos disponíveis nas dependências de suas propriedades, no Vale do Aconcágua e no Vale do Maipo.
Sonhos e realizações - Nos séculos 17 e 18 muitas famílias da Inglaterra e da Escócia, paises continuamente envolvidos em conflitos políticos e religiosos, passaram a sonhar com as terras distantes do Novo Mundo, descritas pelo navegadores como promissoras, ricas e com tudo por fazer. Algumas dessas famílias tornaram realidade seus sonhos de paz e realizações, impraticáveis em sua terra, partindo nos chamados “white sails” (veleiros brancos). Uma delas foi a dos Chadwick, nome associado há séculos à história da Grã Bretanha.
Esporte e vinhos – Além do amor pelo polo, esporte que o tornaria popular como um dos melhores jogadores chilenos dos anos 1960, Alfonso, o herdeiro de Leonor e Alejandro, interessou-se vivamente por vinhas e vinhos. Ele adquiriu no fim da segunda guerra mundial a propriedade de San José de Tocornal, em Puente Alto, próximo de Santiago, incluindo um terreno de 25 hectares com um campo de polo e uma ampla casa de campo de estilo inglês para sua família.
Em 1993 Don Alfonso faleceria, aos 79 anos. Os estábulos dos cavalos de pólo, mantidos cuidadosamente na propriedade, testemunham o amor dele pelo esporte. Na primavera de 1992 o campo esportivo foi coberto por um vinhedo moderno com predominância de Cabernet Sauvignon, algo de Cabernet Franc e um mínimo de Carmenere, tornando-se o Vinhedo Chadwick.
O solo conta com uma camada de argila com pedras sobre um berço de seixos de origem aluvional. O clima é continental, com invernos bem frios; o calor do verão sem chuvas é atenuado pelos ventos que descem dos Andes à tarde, tudo concorrendo para que se possa elaborar um tinto ultra-premium a partir de suas uvas.
Eduardo Chadwick, filho de Don Alfonso, resolveu faze-lo em memória de seu pai, conseguindo, no fim dos anos 90, a primeira tiragem de um vinho ao estilo do Maipo com taninos suaves, frutado, concentrado, intenso e longo no paladar a que denominou “Viñedo Chadwick”. Na sua segunda edição, safra 2000, composto 100% por Cabernet Sauvignon, amadurecido por 17 meses em barricas francesas novas, com 14% de álcool, o vinho disputou posição com outros vinhos, franceses, italianos e chilenos na chamada Degustação de Berlim.
A degustação de Berlim - Todo o texto acima emoldura a façanha do “Viñedo Chadwick 2000” na degustação às cegas de 23 de janeiro de 2004, realizada no Ritz Carlton Hotel de Berlim, Alemanha. Entre os panelistas encontrava-se Steven Spurrier, da revista londrina Decanter, aquele mesmo que há trinta anos havia organizado o Julgamento de Paris, que deu fama aos vinhos californianos.
Além dele outros quinze jornalistas especializados como Erich Grasdorf (Tagesanzeiger, Suíça) e Peter Winding (Vinbladet, Dinamarca). Participaram também vinte representantes dos compradores europeus, entre eles Sven Schröpfer (Hotel Four Seasons, Alemanha), Roger Maurer (Caves Moevenpick, Suíça) e Lynn Murray (Hatch Mansfield, Inglaterra).
O resultado deixou os europeus verdadeiramente surpresos: em primeiro lugar, “Viñedo Chadwick 2001” do Chile. Em segundo, “Seña 2001”, do Chile. Em terceiro, “Château Lafite 2000 Premier Grand Cru Classé”, de Pauillac. Em quarto, empatados, “Château Margaux 2001 Premier Grand Cru Classé”, de Margaux e “Seña 2000”, do Chile.
Outros concorrentes do Velho Mundo foram o Château Latour safras 2000 e 2001 e o supertoscano Solaia 2000, dos Marchesi Antinori. Foi dessa forma, e a partir de fatos históricos seculares, que um produtor da América do Sul, em 2004, aliou-se aos da Califórnia (Stag’s Leap Wine Cellars, em 1975) e da Austrália (Penfolds Grange, em 1995) para surpreender o mundo do vinho com algo fora de série, inimaginável para suas épocas respectivas.
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